(Gustav Klimt - "Danae")
Havia sido uma noite e tanto. Era madrugada e eu estava concentrada em meu hobby, observá-la dormindo. A penumbra do quarto tornavam ainda mais misteriosos alguns contornos de seu corpo, mas as mãos unidas sob o rosto davam um ar angelical. Quando lembro dessa cena, vejo de maneira diferente: dentro do anjo, às vezes desperta o demônio.
Por mais que tenha sido cruel comigo, não posso negar que aquela noite foi mágica. Assim que chegamos, quando apertei o interruptor para ligar a lâmpada da sala, faltou luz. Isso poderia ter estragado a noite, porque ficava difícil preparar a macarronada cujos ingredientes tínhamos acabado de comprar. Mas era noite de lua cheia.
Ela foi até a varanda para constatar que o apagão foi geral - pelo menos à beira mar - e me chamou. Era noite de verão, sem nuvens, e parecia que o céu estava bem perto de nós. Eu não sabia que existiam tantas estrelas assim. Aproximei-me e senti o cheiro quente de canela que tinha seu perfume. Protegidas pela penumbra, seu olhar penetrou no meu e o beijo veio com naturalidade, como se não fosse o primeiro.
Seu corpo quase não tocava no meu, mas o toque suave dos seus dedos em minha nuca me provocavam arrepios. Seus cabelos eram água que se desfazia entre minhas mãos. Aquele beijo, que aconteceu em poucos segundos durou uma eternidade, porque não foi um contato mais que físico.
Tudo acontecia em clima de tranquilidade. Houve tempo para cada uma tomar banho e preparar uma tábua de frios, já que ficava difícil fazer uma macarronada sem luz. Música do celular com volume baixinho, garrafa de vinho aberta e nós duas sentadas no tapete felpudo que eu trouxe para a varanda.
Ela se aproximou e me beijou novamente. Dessa vez seu toque foi mais incisivo. Enquanto sua língua procurava a minha, fazia a alça do meu vestido deslizar com uma das mãos. Puxei seu corpo contra o meu, encaixando um de meus seios entre os dela.
Segundos depois estávamos nuas. Mas não havia urgência ou pressa. Ela deitou e eu fiquei por cima, e na minha coxa, presa entre as suas, eu sentia sua umidade, que aumentou quando encostei minha língua no lóbulo de sua orelha. Seus seios pequenos cabiam inteiros na minha boca.
Contornei os pelos de sua virilha com a língua para liberar mais o seu cheiro antes de encontrar um clitoris entumescido. A carne macia e molhada parecia se dissolver em minha boca. Dali, eu sentia seu corpo inteiro pulsar. Dava mordidinhas e leves arranhões em suas coxas. Então ela puxou minha cabeça para um pouco mais abaixo e eu a penetrei com a língua. Alternava entre lambidas longas, de baixo para cima, com zigzag na direção contrária. Pela intensidade de seus gemidos, percebia seu orgasmo se aproximando.
A energia chegou e feriu nossos olhos. Mas apenas por alguns segundos. Desliguei o interruptor e novamente estávamos banhadas na penumbra da lua. Meu nariz estava impregnado com seu cheiro e não demorou muito até vir à minha língua do gosto adocicado do seu gozo.
Ela puxou meus quadris em direção à sua boca. Eu não podia esperar que ela soubesse, mas me sugou com muita volúpia. Perto do orgasmo, decidi juntar nossas vulvas. Quando elas se colaram em um beijo molhado, nem pudemos contar quantas vezes gozamos juntas, até que exausta, ela caiu sobre meu corpo, o corpo molhado de suor. Apenas com a lua como testemunha.